Tragédia no

Rio Grande do Sul

A boa comunicação pode salvar vidas

Uma disputa narrativa

Mais do que espalhar mentiras, a extrema-direita brasileira está aproveitando a tragédia no Rio Grande do Sul para tentar martelar a seguinte agenda:

  1. O Estado não importa. Os governos são incapazes de ajudar. 

  2. Milionários e bilionários deveriam existir.
    Seus recursos ajudam a salvar vidas.

  3. Não existe igualdade de gênero.
    É a força masculina que sempre estará na linha de frente em meio ao perigo.

  4. Armar a população é importante para garantir a segurança.

  5. Não existe liberdade de expressão no Brasil.


O mais importante agora, em absoluto, é salvar vidas, resgatar pessoas e garantir a chegada de suprimentos. Essa é a prioridade máxima! Mas nos tempos em que vivemos, a maneira como produzimos conteúdo e noticiamos a tragédia importa. Importa para salvar vidas e importa para impedirmos que tragédias assim voltem a acontecer. Por isso, produzimos este episódio de Como Falar Sobre com sugestões e abordagens que possam auxiliar o campo progressista a tratar da Tragédia no RS.

A narrativa deles é:

Tragédia

Estado não faz nada pra ajudar

 Povo tenta ajudar e o Estado só atrapalha

 Estamos sozinhos, não temos esperança, é cada um por si

A nossa precisa ser:

Tragédia

Estado, instituições, povo, voluntários, imprensa, artistas, etc atuam juntos, cada um fazendo seu papel

Isso dá resultado, pessoas são salvas

Esperança, importância das instituições e união

O que a gente precisa comunicar?

1. Nessas horas, é quando o povo mais precisa do Estado. União é a única saída.

Só o governo pode fazer obras públicas para reduzir os impactos das mudanças climáticas, só o estado e ONGs podem conseguir equipamento para transportar água potável aos milhares passando por dentro de 3m de água, só a polícia pode prender ladrão e grupos que fazem arrastões e saques (senão, imagina o faroeste que ia virar). Polícia, Defesa Civil, Exército, bombeiros, prefeitos, governadores, presidentes que se preocupam com o povo são fundamentais, e isso depende da gente.

 

2. Dá sim pra evitar tragédias como a do Rio Grande do Sul. 

Os aumentos das chuvas são consequências da exploração indiscriminada do meio ambiente pelas grandes indústrias e pelo agronegócio; no entanto, isso já vem sendo avisado há tempos e existem medidas preventivas, obras prévias, planejamento urbano e uso de solo em áreas agrícolas que reduzem e até impedem os efeitos, e isso é responsabilidade dos governantes, então precisamos escolher certo ou todo mundo pode passar pelo que o RS tá passando

 

3. Mulheres estão também na linha
de frente

Não são só os homens que estão participando ativamente dos resgates. Mulheres e homens trabalhando lado a lado na linha de frente, resgatando animais, pessoas, fazendo coleta e triagem de doações, protegendo e salvando crianças são imagens que precisam ficar mais vivas e comuns na cabeça das pessoas.

Recomendações

  • Abuse dos vídeos emocionantes que funcionam por si só em vez de conteúdos que tentam pela razão. Ou seja, em vez de afirmar numa headline que mulheres também estão na linha de frente e não são só homens, vamos fazer um edit com vários vídeos de mulheres na linha de frente.

  • Isto é, em vez de dizer que é mentira que o Estado não ajuda, vamos mostrar vídeos e notícias de instituições do Estado (Bombeiros, Defesa Civil) ajudando.

  • Ainda que pareça pouco, tirar do ar todo conteúdo mentiroso ou criminoso nesse momento ajuda a fazer com que cada vez menos pessoas entrem em contato com esse tipo de narrativa, o que já ajuda bastante.

  • Temos aqui uma lista de iniciativas e lugares confiáveis: https://nucleo.jor.br/interativos/2024-05-08-enchentes-no-rs-pacotao/

ERRO!

Pare de falar do Pablo Marçal!

A gente já viu esse filme antes. A gente vê esse filme todo dia. Surge um sociopata com pretensões políticas que fica se alavancando via polêmica em redes sociais. Uns chegam até a presidência da república. Vamos parar de fazer idiotas famosos. Vale pro Marçal, vale pro Hang e todas as figuras da extrema direita. Para desbancar a fake news, inunde a internet com a verdade, mas evite dar palco para mentira e pro mentiroso.


Metodologia

Este é o primeiro episódio de Como Falar Sobre para o qual não realizamos grupos focais específicos. Os aprendizados aqui compartilhados são decorrentes de pesquisas de social listening e netnografia aplicada, além de insights de um episódio recente de Como Falar Sobre: Crise Climática, lançado em novembro/2023, que você pode acessar por aqui.