REGULAÇÃO DE REDES

Como convencer as pessoas que a internet pode ser um lugar mais seguro para todo mundo

A narrativa a favor da regulação
das redes sociais

 

1. É possível construir um ambiente mais seguro na internet para crianças e adolescentes

Quem tem filho, tem medo - ainda mais em tempos de redes sociais. As redes sociais trazem inúmeros benefícios, mas a preocupação com os perigos que seu uso pode representar é também uma constante nas famílias brasileiras. Casos de pedofilia, bullying, estímulo a violência, golpes, fraudes… O sentimento é de que a vida das crianças está posta em meio a um jogo de interesses.

 

2. Outros países do mundo já conseguiram avançar nesse sentido, e é a vez do Brasil cuidar também do seu ambiente online

Já existem experiências bem sucedidas na Europa, com o estabelecimento de regras claras, transparência e estrutura de fiscalização, que trabalham para que conteúdos ilegais e nocivos sejam efetivamente combatidos e fiquem longe das crianças. O Brasil tem bons modelos a seguir.

 

3. A segurança das crianças e da família é infinitamente mais importante do que qualquer ideologia política

Disputas político-partidárias são desimportantes diante dos perigos concretos aos quais crianças estão submetidas nas redes sociais. Enquanto os políticos estão brigando entre si, mães e pais se sentem desamparados na luta pela proteção de seus filhos e filhas.

 

4. Mães e pais não deveriam se sentir sozinhos na luta pela segurança dos seus filhos

O primeiro impulso dos pais é se perguntar o que eles mesmos deveriam estar fazendo para proteger as suas crianças. No entanto, sabem dos limites da sua atuação individual ou restrita ao núcleo familiar. Assim como não é possível colocar a criança em uma bolha para sair na rua, também não é possível controlar toda a sua experiência online.

 

5. As pessoas sentem que os donos das plataformas não se importam com o bem-estar dos usuários

E acreditam que eles precisam sim ser responsabilizados pelas violências que acontecem dentro das redes que eles próprios criaram. No entanto, nada leva a crer que esse movimento de maior proteção e cuidado nas redes vai acontecer por livre e espontânea vontade dos seus donos.

 

6. É por isso que o Brasil precisa criar regras e garantir que elas serão respeitadas

É preciso uma lei que estabeleça regras claras e leve as plataformas a terem políticas de cuidado que combatam a violência e ilegalidades nas redes. É importante lembrar que nesse caso ainda existe um vazio na legislação, e que precisamos de uma lei forte capaz de fiscalizar se as plataformas estão respeitando as regras - e que possa punir quem não seguir as normas.

Recomendações

  • Infelizmente jovens são pessimistas com relação ao papel do governo. No entanto, para mães e pais a proteção de crianças e jovens é urgente, e esse público tem clareza sobre a importância das redes sociais nas vidas de suas filhas e filhos.

  • Exigir transparência e cuidado ativo das plataformas para que conteúdos nocivos e potencialmente ilegais (como conteúdos que incitam a violência, racistas ou discriminatórios) não sejam distribuídos nas redes sociais é uma demanda forte e presente para pais e mães. Os episódios dos ataques nas escolas são o mais vivo exemplo de como as redes sociais precisam ser mais cuidadosas.

  • Regulação é um termo amplamente compreendido e bem-vindo quando alguma analogia é feita com regulamento e regras, mostrando que outros espaços possuem normas e as redes sociais também precisam ter. Se a discussão fica muito abstrata, aparecem dúvidas e desconfianças. Dê exemplos conhecidos de órgãos reguladores como ANATEL e ANVISA e invista na ideia de que as redes sociais não podem ser terra sem lei.

  • O uso de termos muito nichados dificulta a compreensão das pessoas sobre o assunto. Procure não usar palavras como 'Big Techs' ou mesmo os nomes dos donos das plataformas - Zuckerberg e Elon Musk não são conhecidos por todos. Procure fugir da lógica do embate. Conceitos como 'Povo x Bilionários' funcionam apenas num campo progressista mais engajado.

  • Os medos com relação ao uso que crianças fazem das redes sociais são latentes. É, no entanto, preciso cuidado ao construir o caminho para a responsabilização das redes. Responsabilizar as plataformas diretamente pelos ataques a escolas, por exemplo, é algo que tende a ser rejeitado. A ideia de que responsáveis são as pessoas que postaram o conteúdo tende a prevalecer. É preciso um mergulho mais profundo e explicativo sobre a corresponsabilidade das redes, por exemplo ao permitir que os conteúdos sejam compartilhados ou ao não atender de forma ágil às denúncias sobre esse tipo de conteúdo.

  • Ainda há quem considere que violência e terrorismo, como planejamento de ataques a escolas, estejam presentes apenas na 'dark' ou 'deep web'. É preciso enfatizar e mostrar que conteúdos dessa natureza estão hoje em dia presentes no cotidiano até mesmo das redes sociais mais populares.

Metodologia

Foram realizados 06 grupos de discussão online com pessoas que não são muito interessadas e nem conversam sobre política no seu dia a dia, de diferentes religiões e configuração de lares, todas moradoras de São Paulo. Sendo 04 grupos com mães de crianças ou adolescentes em idade escolar e 02 grupos com jovens que estudam no ensino médio, totalizando 42 pessoas ouvidas nos dias 19, 20 e 24 de março.

Os grupos foram organizados a partir da avaliação de valores sobre família, moral e religião, segurança e economia liberal, divididos da seguinte forma:

  • 02 grupos de mulheres mais conservadoras, sendo 01 grupo de mulheres da classe AB e 01 grupo de mulheres de classe C

  • 02 grupos de mulheres mais progressistas, sendo 01 grupo de mulheres da classe AB e 01 grupo de mulheres de classe C

  • 01 grupo de jovens mais conservadores de classe ABC

  • 01 grupo de jovens mais progressistas de classe ABC

Foram excluídos da amostra pessoas conservadoras radicais

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